quarta-feira, 9 de março de 2011

A Arte de voar


O sonho supremo do homem é o motivo para este blog


           Senhoras e senhores, Sejam bem-vindos a bordo do “profissão: piloto de avião”.


inauguramos este blog com um voo a vela:


  Agora são 05 horas e 50 minutos, hora local, e a temperatura é de 20 graus Célcius. Nosso vôo inaugural tem sua origem em Buketown, na costa sul do Golfo de Carpentaria, Austrália, e a hora e a temperatura informados correspondem a esta localidade. Durante nosso vôo faremos as apresentações.

  Estamos a bordo de um Super Ximango AIT-200S, de fabricação assinada pela Aeromot, em Porto Alegre, Brasil. O Super Ximango é um moto-planador, uma aeronave que se propulsiona aos céus, e passa a realizar vôo a vela, ou seja, o vento passa a ser o seu “motor”.

Aí está nosso Super Ximango

  Uma breve explicação se faz necessária sobre o voo a vela: o planador depende diretamente da metereologia para voar; é rebocado por outra aeronave motorizada até o local de início do vôo a vela – no nosso caso, o moto-planador dispõe de motor para alçar vôo, desligando-o mais tarde. A partir desse momento, a atmosfera passa a atuar. Em geral usamos as “térmicas”, que são bolsas de ar quente, formando uma corrente ascendente, que impulsiona o planador para cima. Mas aqui, em Buketown, vamos experimentar um outro tipo de vôo a vela: o “surfe”.

  Sou estudante, escritor e apaixonado pela aviação, e nesse momento, o comandante de um Ximango nos céus da Austrália, com o desafio de passar aos leitores-passageiros informações a respeito das máquinas de voar, seus princípios, suas histórias, enfim; fornecer uma porção da mesma paixão sobre a arte de voar, embora de um jeito um tanto quanto diferente.

  Nosso objetivo em decolar tão cedo assim é “pegar uma onda” nos céus. Vamos em busca da Morning Glory, ou Glória Matutina. A Morning Glory é uma nuvem que tem sua predominância aqui, nos céus de Buketown, e consiste em uma formação em forma de rolo, que se estende até 700km mar adentro, literalmente de horizonte a horizonte, a uma altitude aproximada de 3 a 4 mil pés, o que corresponde a 900 e 1200 metros.

  Definitivamente não será um vôo como o de Otto Lilienthal, patrono do vôo a vela desde 1891. Essa forma de vôo, o surfe em uma Morning Glory, teve início em 1989, com Rob Thompson e Russel White, em um Grob 109, no dia 13 de outubro. Agora vamos refazer o seu trajeto.

  Duas frentes de brisa marinha se encontram em uma grande altitude na península do Cabo York, a nordeste de Buketown, iniciando a MG (Morning Glory).

  Aproximando-se da pista com uma base de 500 pés, o aterrorizante rolo não transmite segurança, mas nós vamos voar mesmo assim, e pretendemos ficar em sua crista. OK, toda potência à frente e lá vamos nós. Subida tranqüila e estável, por 2km em frente e 400 pés do solo. Sentimos agora como que um empurrão vindo de baixo, e a sensação é igual a de uma montanha russa depois da descida, iniciando o loop. Desligamos o motor, e agora seguimos em vôo reto e silencioso, indicado pelo variômetro (instrumento que mostra a razão da subida) de 2Kt (2 nós), ou seja, 1 metro por segundo.

É realmente uma Glória Matutina!

  Sem palavras, senhores, é um espetáculo! A nuvem estende-se a perder de vista rumo norte, e estamos perto de 4500 pés! Os raios de sol do amanhecer riscam o céu, e tudo é muito tranqüilo. O aspecto do rolo deve-se ao movimento ascendente dos elementos que compõem a nuvem na vanguarda, enquanto na retaguarda a nuvem calmamente se dissolve, exatamente como uma onda. Talvez não como uma onda do mar, mas como uma pororoca, conhecida pelo pessoal do Amazonas, que se forma na desembocadura de alguns rios.

Mais uma vêz, agora a MG da visão do piloto

  Agora vamos deixá-los propositalmente com gostinho de “quero mais” e retornar ao aeródromo, ao sul, já descendo e vendo a frente apenas um céu límpido e muito azul, e recomendar: estejam sempre conosco que pretendemos realizar vôos interessantes e repassar sempre a paixão e o conhecimento, desde vôos a vela, como esse curto trecho, a vôos em caças e jatos comerciais, além de disponibilizar dicas sobre a vida a bordo e informações a respeito das aeronaves e da técnica empregada para voar.

  Com o tempo, estarão habituados à fonia da comunicação aeronáutica, e espero compartilhar a mesma paixão de Alberto Santos Dumont pelas “máquinas mais pesadas do que o ar”.

  Lembrando os senhores de que estou aberto a críticas e sugestões, tanto nesta página, como pelo e-mail: sr_mouchmaker@hotmail.com e me coloco a disposição para responder às dúvidas por e-mail e publicar matérias sugeridas.

  O voo PPA-001 fica por aqui; esperamos os senhores novamente.

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